Bali: terra de muita energia (ou: introdução)
(um dos infinitos e maravilhosos sunsets de Bali. esse, em Ubud).
volta lá pro dia 1 de setembro.
"gente, tá rolando promoção de passagem pra Bali. 400 dólares ida e volta, com taxa. tem que ir todo mundo na mesma data. quem pilha?"
mandei isso em uns 4 grupos de WhatsApp e foi questão de minutos até as primeiras respostas. eu, eu, eu.
coloca aí mais umas 3 horas e lá estávamos nós: recebendo o e-ticket em nossos emails. dia 3 de março, logo depois do fim do carnaval, Bali there we go. 5 mulheres -uma com emprego fixo sem previsão de férias, outra com férias acumuladas, outra empreendedora, eu freelancer. não tinha dado muito tempo de pensar, mas todo mundo sentiu. e quando você sente, não tem como fugir.
(primeiro nascer do sol, ainda chapadas de Jet Leg, em Canggu)
chegou meados de fevereiro e a gente não tinha programado absolutamente nada. eu mesma sequer tinha olhado o mapa pra ter noção do que tinha por essa ilha. e foi assim, o tempo todo: embarcamos com uma guesthouse reservada pelos 4 primeiros dias e o resto foi se construindo dia a dia. eu já sabia disso, mas só fui tendo mais e mais certeza: o caminho se faz caminhando.
(Melasti Beach, em Bukit, uma das minhas favoritas)
ROTEIRO
no final, nosso roteiro foi fluído: começamos em Canggu; depois seguimos pro Sul, pra região chamada Bukit; depois embarcamos pra Gili Air, uma ilhota que tem outras duas irmãs (Gili T e Gili Meno) coladas em Lombok; na sequência fomos pra Nusa Lambongan, que também tem duas irmãs (Nusa Penida e Nusa Ceningan); depois pro meião de Bali, em Ubud; e terminamos novamente em Canggu.
por enquanto é só pra contextualizar, mas aos poucos vou escrever sobre cada um desses destinos.
DINHEIRO
é caro chegar até aqui, mas é barato ficar por aqui. e quando você tá em Bali, pode se preparar: é fato que você vai ser milionário. é que um dólar americano vale, em média, 13200 rupias. ou seja: se você viaja com US$1000 por um mês (sim, é possível), você vai ter um milhão, trezentas e vinte mil rupias consigo.
dá pra achar hospedagem boa por US$9 por noite; um prato de comida surreal vai ter custar uns US$7; o aluguel da moto por dia vai custar US$4; um transfer de Canggu pro aeroporto, por exemplo, sai uns US$10 e por aí vai..
TRANSPORTE
nossa ideia inicial era alugar uma moto pra ficar o mês todo se locomovendo só através dela. no nosso trajeto, ir de um lugar pro outro seria relativamente perto, sempre entre 45 minutos e 2 horas. mas a vida, sagaz que só, vem pra dar as mensagens e fazer a gente entender: moto não é brincadeira. sim, é o meio de transporte mais usado por essa ilha. tem criança que dirige, tem mãe que carrega o filho recém nascido e o outro de 2 anos e o cachorro ao mesmo tempo, tem o homem que anda com 10 quilos de arroz recém colhido -e isso faz parecer ser fácil. só que tem que ficar esperto. e daí, no nosso segundo dia de viagem, quando eu -que tava acostumada a andar de bicicleta pra cima e pra baixo no Rio- já estava super me sentindo à vontade em cima da minha moto, levei uma bela e estúpida estabacada. foi na frente de casa, quase estacionando a moto. mas foi suficiente pra me arrancar dois belos e fundos talos do pé e mais uns arranhões no joelho, ombros e mão que demoraram umas três semanas pra cicatrizar.
captamos a mensagem: não dava pra pegar estrada de moto com mochilão e com a nossa inexperiência.
daí foi assim: a gente ia de um destino pro outro de motorista (que é super em conta, ainda mais quando você tá em 5) e nos lugares, alugávamos moto pra ter a liberdade de ir onde desse na telha.
ficou o aprendizado e ficou a certeza de que essa foi mesmo a melhor escolha.
(estrada que leva pra Melasti - in-crí-vel!)
ERAM PRA SER SÓ 30 dias
Bali é uma terra poderosa. tem muita energia concentrada por aqui. seja pela natureza exuberante e cheia de força (tem vulcão, tem terremoto, tem floresta densa, tem água cristalina, tem areia preta...), seja pelo imenso número de pessoas que moram e passam por aqui, ou ainda por toda a cultura e religião que norteiam o dia a dia dos locais... todo dia e o tempo todo você acaba sentindo um pouco dessa intensidade toda. e como tudo na vida pede um equilíbrio, é fundamental parar alguns minutos por dia pra apreciar, se conectar e agradecer. quando esse balanço faz e é sentido, Bali vem como uma prece.
e foi nessas que eu não consegui voltar.
(pôr do sol em Uluwatu, um dos meus preferidos)
senti aqui dentro alguma certeza muito forte de que eu precisava viver mais um pouco de tudo que essa ilha tinha a oferecer. e foi assim: decidido isso, as coisas começaram a acontecer. vinham sinais, vinham encontros, vinham conversas que só pintavam de colorido o caminho que eu tava imaginando começar a traçar. foi (quase) difícil decidir perder minha passagem de volta, comprar uma pra Singapura (tive que sair por conta do visto -falo disso mais tarde também), despedir das minhas lindas meninas e ver elas pegando o carro pro aeroporto. mas tinha alguma coisa aqui dentro que me fazia sentir. e quando você sente, não tem jeito...
hoje completo 67 dias por aqui. 67 dias andando de chinelo, sentindo o vento bater no rosto quando na motoca, lembrando do quão incrível é o caminho e não só a chegada. 67 dias em que diariamente me pego parando para apreciar a beleza e pra agradecer, pra comer alguma coisa que me desperta muito prazer, pra me conectar com gente que chega pra, de alguma forma, acrescentar.
67 dias que já foram tanto e que parecem ser só o começo de uma outra eu que tá diariamente se descobrindo..
(eu, numa plantação de arroz, pelo olhar do Dean Raphael, um fotógrafo australiano incrível)